26 de mar. de 2012

Encontro do Século - CAP. 115



No capítulo anterior...
Na igreja de Santo Antonio dos Pobres Beija se defronta com Motta
Mas antes que tente se aproximar, ela se retira.
Severina questiona a atitude da patroa
Pedro conta a Chalaça sua discussão com a amada
Ele se irrita ao descobrir que Beija exigiu desculpas de Pedro
Severina atende a porta e Motta procura por sua patroa

CAP. 115

SEVERINA: Um instante, Dr. Motta, vou avisá-la da sua presença.
BEIJA (se aproximando): Não precisa, Severina, já estou aqui. (e para Motta, com certo ar de ironia) Bom dia, Dr. Motta, como vai o senhor Ouvidor?
MOTTA: Estou bem, obrigado. Não vai me convidar para entrar?
BEIJA: Ah sim, claro. Entre, por favor, e se assente.

O clima é tenso. Ambos tentam disfarçar a ansiedade. Beija porque teme ser perseguida na Corte e na sua relação com Pedro. Motta, porque ainda ama Beija e não suporta a idéia de vê-la nos braços de outro homem.

MOTTA: Beija, qual é o objetivo dessa sua instalação no Rio de Janeiro?
BEIJA: Aconteceu o que previa desde o início. Fui enxotada de Araxá como um cão sarnento. Não tive alternativa. Das poucas opções que tinha, o Rio de Janeiro me pareceu a mais adequada.
MOTTA: Tem noção dos problemas que pode me causar aqui?
BEIJA: Sinceramente, não.
MOTTA: Tem consciência de que pode arruinar a minha vida e a minha carreira?
BEIJA: Sinceramente, não...
MOTTA: Pois é, por isso não quis lhe trazer pra cá junto comigo. E agora você me aparece aqui, do nada... (alterando o tom de voz) Eu lhe dei dinheiro, jóias, roupas, móveis, para você sumir de uma vez por todas da minha vida! Não para você se estabelecer na mesma cidade que a minha família!
BEIJA (indignada): Ora, Sr. Motta, faça-me o favor! O senhor se abalou até aqui para me dizer isso? Para dizer o que devo e o que não devo fazer de minha vida? Meus tempos de “Moça do Ouvidor” ficaram lá em Paracatu. Aqui sou Dona Beija e eu mesma faço o meu destino.
MOTTA: Quero que vá embora daqui. Se minha mulher descobre algo sobre nosso caso, será um escândalo.
BEIJA: Não tenho nada a ver com sua família... Pouco me importa como vão reagir sua mulher e seus filhos ao descobrirem que você era dado a aventuras amorosas fora do casamento. Isso é um problema seu!
MOTTA: Você me deve respeito e gratidão, Beija! Eu fiz de você a mulher você é hoje.
BEIJA: Só me faltava essa! Fazer-me cobranças! Você, sim, é que arruinou a minha vida. Matou meu avô, me tirou dos braços do homem que amava. Arrastou meu nome na lama perante um arraial inteiro. E agora que estou começando a reconstruir minha vida, vem me exigir que vá embora? Ficou louco, Dr. Motta?
MOTTA: Seja sensata. É o melhor para nós dois. Ponha a mão na consciência.
BEIJA: Não sei porque tanto te preocupa com isso. Ninguém saberá de nada se você não abrir a boca. Eu não tenho a menor intenção de falar sobre o passado em Paracatu para ninguém. Você tem?
MOTTA: Não, Beija, mas sabe como são essas coisas... Uma hora ou outra alguma coisa sempre escapa e não quero correr riscos. Não quero ter meu nome enxovalhado perante a Corte.
BEIJA (cínica): Sua preocupação é mesmo essa, Motta? Ou seria o fato de eu estar tendo um caso com D. Pedro?

Continua amanhã...

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