5 de abr. de 2012

Encontro do Século - CAP. 124



No capítulo anterior...
Pedro dá a entender que pretende se casar com Beija
Beija evita alimentar expectativas
O casal se dirige aos anfitriões da noite
D. João elogia a beleza de Beija
D. Carlota a convida para ser sua “Dama de Companhia”

CAP. 124

PEDRO: Por oras acho um tanto precipitado, mamãe. Beija e eu conversaremos mais a respeito. Depois. Pode ser?
BEIJA: Sim, claro.
D. CARLOTA: Não vais envenenar a rapariga contra mim, Pedro!
PEDRO: Eu não disse? Mamãe às vezes exagera... (e para beija) Vamos dançar, minha querida?
BEIJA: Com Vossa licença, Majestade.
D. JOÃO: Vá filha, vá se divertir um pouco. A noite é uma criança...

O casal se dirige a uma janela, onde um cavalheiro solitário sorve uma taça de vinho enquanto aprecia a vista.

PEDRO: João Carneiro, posso lhe falar um instante?
JOÃO: É claro, Alteza. Esteja à vontade.
PEDRO: Quero lhe pedir desculpas por aquele dia na casa de Beija. Sei que não foi muito gentil da minha parte. Não sabia que se conheciam desde crianças. Desculpe-me.
JOÃO: Não há o que desculpar, Alteza.
PEDRO: Mas sei que nutre algum sentimento por Beija e quero que a respeite enquanto estiver comigo.
JOÃO: Certamente que sim, Alteza.

Os dois apertam as mãos, selando a paz. Beija sorri aliviada. O casal segue para o centro do salão e ali dança seguidas músicas.

Pouco depois Pedro se afasta um instante, deixando Beija sozinha. O Ouvidor se aproxima.

MOTTA: Apreciando o baile, Dona Beija?
BEIJA: Muito, Dr. Motta. Mas posso lhe dizer o mais gostei?
MOTTA: Diga. Não posso adivinhar...
BEIJA: De ver essa sua cara de tacho amassado ao me ver nos braços do Príncipe.
MOTTA: Você faz essas coisas só para me insultar, não é mesmo?
BEIJA: Sim. Lembra da nossa conversa em Paracatu, quando disse que não poderia me trazer para a Corte? Pois bem, aqui estou eu. E não necessitei de um pingo da sua ajuda...
MOTTA: Quando saciará essa sua sede de vingança?
BEIJA: Nunca, Motta, nunca! Enquanto lembrar de todo o mal que me fez, nunca esquecerei de lhe castigar...
MOTTA: Devia me agradecer. Mudei o rumo da sua vida. Se hoje você está aqui, indiretamente é graças a mim. Eu a transformei numa mulher fina, de classe, traquejada. Não fosse por mim ainda estaria enfiada naquele arraial feito um avestruz com a cabeça no buraco!
BEIJA (irritada): Devia lhe agradecer por ter matado meu avô? Por ter tirado a minha honra, o meu noivo? Por ter sido expulsa de Araxá?

A esposa de Motta, velha ciumenta e ranzinza que é, trata logo de interromper a conversa.

VERIDIANA: Motta, não vai apresentar a nova dama para a sua esposa?

Continua amanhã...

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