4 de mai. de 2012

Encontro do Século - CAP. 149



No capítulo anterior...
Beija reclama de enjôos e Severina acredita que esteja grávida
A patroa rejeita a idéia e se preocupa com a reação de Pedro
D. Carlota agradece a Beija por facilitar seus encontros com escravos
Beija diz que terá de se afastar das funções de dama de companhia
Pedro diz a Chalaça que está desconfiado pois Beija anda muito estranha
Numa visita surpresa à Chácara, Pedro flagra Beija e Motta na cama

CAP. 149

PEDRO (transtornado): Não sei o que faço com vocês, seus ordinários! Não sei se lhes dou um tiro no meio da testa, ou se os esgano com as minhas próprias mãos!
BEIJA (se recompondo): Calma, Pedro, eu posso explicar...
PEDRO: Explicar o quê, Beija? O inexplicável? Explicar que você está me corneando com esse outro safado aí? Não existe explicação pra isso! É falta de vergonha mesmo!

Motta se recompõe. Pedro anda de um lado para outro do quarto, inconformado.

PEDRO: Meu Deus! Como fui tão estúpido que não percebi? Por isso você rondava tanto o palácio ultimamente, não é, Motta? Certamente os dois tramavam os encontros ali mesmo, debaixo do meu nariz! Como fui idiota!
MOTTA (apreensivo) Acho melhor me retirar para que possam se entender à sós...
BEIJA (autoritária): Não! Você fica! Não vai sair agora de fininho e me deixar aqui nessa situação. Você fica!
PEDRO: É melhor sair, antes que resolva lhe partir a cara na porrada.
BEIJA: Pedro, não é nada disso que você está pensando. Eu não tenho nada com esse cidadão. Esse homem é um carma na minha vida. Parece que me persegue desde a outra encarnação...
PEDRO (nervoso): Como não tem, Beija? Além de corno, agora fiquei cego também? Eu vi com meus próprios olhos vocês nus, atracados sobre esta cama.
BEIJA: Estou sendo vítima de uma chantagem. É isso. Esse inescrupuloso estava me chantageando para obter favores sexuais.
PEDRO: Chantagem? Que desculpa é essa agora? Estão tentando me enrolar, é isso?
BEIJA: Chantagem, Pedro, chantagem sim! Caso recusasse lhe prestar favores sexuais, ele ameaçava lhe revelar meu passado.
PEDRO: O que há de tão grave assim no seu passado? (pensa um instante) Ah... Lembro-me que certa vez comecei a lhe fazer perguntas sobre sua origem e se recusou a respondê-las... Afinal, Beija, o que há de tão podre assim nesse seu passado?
MOTTA: Beija era uma prostituta.
PEDRO: Cale a boca! Quero ouvir da boca dela.
BEIJA: É verdade. Eu me prostituía sim. Mas não por prazer ou por necessidade, mas por uma série de outros motivos. É uma longa história. Se tiver paciência vou lhe contar tudo desde o início, e sem omitir uma única vírgula.
PEDRO: Sou todo ouvidos. Pode começar.

Beija narra toda a sua trajetória, desde o baile no Arraial, o rapto, a morte de seu avô, a vida em Paracatu, os amantes que recebia para afrontar o Ouvidor, os escândalos, sua estada em Araxá, sua partida para o Rio, até o momento em que conheceu o Príncipe.
Algumas vezes Motta tenta intervir, no intuito de se defender, mas Pedro manda calar-se.
Beija se emociona e chora várias vezes. Terminada a confissão, sente-se aliviada.

MOTTA: E agora, Pedro, que já sabe toda a verdade, o que pretende fazer?

Continua amanhã...

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